Jan 31, 2015

Compartilhando concepções



É inegável que a rede mundial modificou os processos de produção e troca de conhecimento nos séculos XX e XXI. Na rede, todos podem ser autores. Inverte-se a relação entre argumento e autoridade. Se antes, nos espaços formais e tradicionais, valia o argumento da autoridade, mediado pelas posições e lugares de fala dos autores, na rede o que vale é a autoridade do argumento. Um bom texto, uma informação consistente ou uma boa ideia não tem um lugar definido. O reconhecimento, informal, dissemina-se com rapidez sem levar em consideração a trajetória do autor. Se aquele conhecimento atende bem à uma demanda, ele será acessado e reconhecido.

Nesse sentido venho aqui reconhecer algumas belas contribuições acerca do letramento digital, oriundas de autores que apresentam reconhecida autoridade baseada na qualidade de sua fundamentação. São autores que, mediante sua experiência prática com o letramento digital, expõem com muita clareza suas perspectivas. 

Primeiramente gostaria de referenciar o nobre professor de Física Frederico Jordão. Em sua abordagem acerca do letramento digital expõe a amplitude do letramento digital nas diferentes áreas de conhecimento e atuação profissional. Vale ressaltar o reconhecimento que faz à importância desse domínio em sua área específica de atuação, no caso o ensino de Física. Corroboro com Fred no sentido de que, tratando-se de um campo de fácil domínio dos estudantes, as tecnologias tendem a servir como um importante potencializador de competências e habilidades. 

Outra importante contribuição advém da recém doutora Cris Herres, querida amiga e companheira na educação. Em seu texto sobre o tema, a autora utiliza algumas interessantíssimas referências que se relacionam objetiva e subjetivamente à temática do letramento. Me chamou a atenção a citação de MacLuhan, que asssocia a fascinação tecnológica ao mito de Narciso. Essa relação me levou a uma reflexão macrossociológica a respeito dos jovens da atual geração. Apontados como sujeitos familizarizados e imersos no universo tecnológico, percebo que hoje os jovens utilizam o espaço virtual como um espaço de reconhecimento e afirmação. A rotina de postagem de fotos "pré-baladas" e em situações do cotidiano aparenta um clamor por visibilidade e ao mesmo tempo um culto de si mesmos. Alguns a ponto de se afogarem nos lagos de suas aparências, fazem dessas práticas algo essencial no jogo das relações interpesssoais. Embora seja numa perspectiva de futilidade em alguns casos, podemos considerá-los letrados digitalmente? Se o letramento indica a associação das tecnologias às demandas do cotidiano, podemos dizer que sim. 

E por fim, gostaria de citar meu parceiro de pesquisa Rafael Batista, que pouco antes de pisar em terras lusitanas, apresentou a importância do educador se libertar das amarras que o impedem de evoluir em sua prática. Nesse sentido venho aqui reconhecer e fortalecer a ideia do autor, pois boa parte das mudanças que precisamos na educação precisam emergir do professor, bem como de um movimento simultâneo de valorização de seu papel por parte da sociedade e dos gestores educacionais. O letramento digital é um passo importante nesse processo e que pode produzir muitos frutos. 

Outras contribuições merecem ser visitadas, e nesse sentido sugiro algumas como a de Sandra Mara, o texto de Anderson Nascimento

Seguimos no processo de produção e partilha do conhecimento, reconhecendo o valor e autoridade do bom argumento.